quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Seu cheiro...


Acordo na madrugada sentindo seu cheirinho...

Será que estávamos próximos, mesmo estando tão longe! Pode ser a distância emocional que não existe! Aquela que nos aproxima de quem amamos sem saber porquê!
Pode ser que seja aquela emoção forte que faz o coração pular quando pegamos o telefone e o outro liga e somos pegos pela surpresa. Pode ser a emoção de estar num lugar e ouvir ou ver algo que nos lembra a presença do outro e o telefone novamente tocar e você dizer: Mônica, isso é incrível, é só eu pensar e vc liga...rs

Isso se chama afinidade. Não se compra, não se estoca, não se deseja. Apenas se permite. Se permite que aconteça e nos faça felizes.

Acordei, arrumei tudo e agora espero dar a hora que você disse que ligaria para ligarmos nossas turbinas e começarmos mais um dia.

TAM! E deixo de presente para nós, o texto abaixo, lindo, lindo!

AFINIDADE
A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,delicado e penetrante dos sentimentos.
O mais independente. Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,as distâncias, as impossibilidades.Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação,o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto em que foi interrompido.Afinidade é não haver tempo mediando a vida.
É uma vitória do adivinhado sobre o real.Do subjetivo sobre o objetivo.Do permanente sobre o passageiro.Do básico sobre o superficial.Ter afinidade é muito raro.
Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar.Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depoisque as pessoas deixaram de estar juntas.O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simplese claro diante de alguém com quem você tem afinidade.
Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmosfatos que impressionam, comovem ou mobilizam.É ficar conversando sem trocar palavra.É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com.Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado.Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.
Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.É olhar e perceber.É mais calar do que falar.Ou quando é falar, jamais explicar, apenas afirmar.
Afinidade é jamais sentir por.Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.Compreende sem ocupar o lugar do outro.Aceita para poder questionar.Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.
Só entra em relação rica e saudável com o outro,quem aceita para poder questionar.Não sei se sou claro: quem aceita para poder questionar,não nega ao outro a possibilidade de ser o que é, como é, da maneira que é.E, aceitando-o, aí sim, pode questionar, até duramente, se for o caso.Isso é afinidade.Mas o habitual é vermos alguém questionar porque não aceitao outro como ele é. Por isso, aliás, questiona.Questionamento de afins, eis a (in)fluência.Questionamento de não afins, eis a guerra.
A afinidade não precisa do amor. Pode existir com ou sem ele.Independente dele. A quilômetros de distância.Na maneira de falar, de escrever, de andar, de respirar.Há afinidade por pessoas a quem apenas vemos passar,por vizinhos com quem nunca falamos e de quem nada sabemos.Há afinidade com pessoas de outros continentes a quem nunca vemos,veremos ou falaremos.
Quem pode afirmar que, durante o sono, fluidos nossos não saempara buscar sintomas com pessoas distantes,com amigos a quem não vemos, com amores latentes,com irmãos do não vivido?
A afinidade é singular, discreta e independente,porque não precisa do tempo para existir.Vinte anos sem ver aquela pessoa com quem se estabeleceuo vínculo da afinidade!No dia em que a vir de novo, você vai prosseguir a relaçãoexatamente do ponto em que parou.Afinidade é a adivinhação de essências não conhecidasnem pelas pessoas que as tem.
Por prescindir do tempo e ser a ele superior,a afinidade vence a morte, porque cada um de nós traz afinidadesancestrais com a experiência da espécie no inconsciente.Ela se prolonga nas células dos que nascem de nós,para encontrar sintonias futuras nas quais estaremos presentes.
Sensível é a afinidade.É exigente, apenas de que as pessoas evoluam parecido.Que a erosão, amadurecimento ou aperfeiçoamento sejam do mesmo grau,porque o que define a afinidade é a sua existência também depois.
Aquele ou aquela de quem você foi tão amigo ou amado, e anos depoisencontra com saudade ou alegria, mas percebe que não vai conseguirrestituir o clima afetivo de antes,é alguém com quem a afinidade foi temporária.E afinidade real não é temporária. É supratemporal.Nada mais doloroso que contemplar afinidade morta,ou a ilusão de que as vivências daquela época eram afinidade.A pessoa mudou, transformou-se por outros meios.A vida passou por ela e fez tempestades, chuvas,plantios de resultado diverso.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças,é conversar no silêncio, tanto das possibilidades exercidas,quantos das impossibilidades vividas.
Afinidade é retomar a relação do ponto em que parou,sem lamentar o tempo da separação.Porque tempo e separação nunca existiram.Foram apenas a oportunidade dada (tirada) pela vida,para que a maturação comum pudesse se dar.E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais,a expressão do outro sob a forma ampliada erefletida do eu individual aprimorado.

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